Brasileiros retiram R$ 45 bilhões da poupança no primeiro trimestre
- 08/04/2025
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A caderneta de poupança teve saque líquido de R$ 11,458 bilhões em março, segundo dados publicados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 7. É a maior retirada para o mês desde 2022, quando o resultado foi negativo em R$ 15,356 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, a retirada de recursos superou o nível de depósitos em R$ 45,7 bilhões.
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De acordo com a instituição, nos três primeiros meses deste ano:
- os depósitos somaram R$ 998,51 bilhões;
- as retiradas totalizaram R$ 1,04 trilhão.
Os R$ 45,7 bilhões de retirada líquida são maiores que o registrado no mesmo período do ano passado – quando o estoque total da poupança recuou R$ 22,6 bilhões no primeiro trimestre.
Em 2023, a retirada foi maior que a atual: R$ 51,2 bilhões de janeiro a março.
Veja a evasão de recursos da poupança mês a mês neste ano:
- janeiro: R$ 26,22 bilhões;
- fevereiro: R$ 8 bilhões;
- março: R$ 11,45 bilhões.
Cenário da economia
A retirada de recursos da caderneta de poupança acontece em um cenário de inflação e de endividamento ainda altos, ao mesmo em que a taxa básica de juros está em nível semelhante a 2015/2016, na gestão da então presidente Dilma Rousseff.
Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 1,31% em fevereiro. Foi o maior patamar para fevereiro desde 2003, há 22 anos. Em doze meses, a inflação registrou avanço de 5,06%.
De acordo com o Banco Central, houve um aumento significativo no preço médio dos alimentos nos últimos meses, devido à estiagem e à elevação de preços de carnes. Segundo o banco, o aumento tende a se propagar para os próximos meses.
Indicadores também mostram que o endividamento da população segue elevado. Segundo o BC, ele somou 48,3% da renda acumulada nos doze meses até dezembro do ano passado.
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Juro alto reduz atratividade da poupança
A alta taxa de juro básica da economia brasileira, a Selic, também ajuda a reduzir a atratividade da caderneta de poupança. Atualmente, para tentar conter a inflação, a Selic está em 14,25% ao ano, o maior juro real do planeta.
Pelas regras da poupança, a aplicação segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).
De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa. Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho em um cenário de alta dos juros básicos da economia, e que a renda fixa deve continuar atrativa em 2025.
Nesta segunda, os mercados financeiros globais vivem mais um dia de grande aversão aos riscos com as bolsas de valores registrando quedas acentuadas por conta da forte retaliação às tarifas recíprocas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.