Cantos de ódio e vídeo viralizado: o que se sabe sobre marcha com estudantes em colégio militar

  • 24/11/2024
(Foto: Reprodução)
Caso aconteceu no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais em Paranã, no interior do Tocantins. Vídeo mostrando o 'corridão' com os alunos viralizou nas redes sociais. Estudantes durante atividade em que foram cantadas palavras de ódio Reprodução/Redes Sociais "E vou pegar você. E se eu não te matar. Eu vou te prender". Esses e outros versos de uma canção com mensagem de ódio foram apresentados a alunos de um colégio militar de Paranã, no sudeste do estado, e geraram polêmica pela apologia à violência. Após um vídeo viralizar na internet, medidas foram tomadas para responsabilizar a escola e militares envolvidos. 📱 Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular. Atividade extracurricular A atividade extracurricular com cantos de ódio aconteceu no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, que atende 400 alunos dos 11 e 15 anos, na quinta-feira (21). Equipes da Força Tática, da Polícia Militar (PM), participaram de um evento cujo foco era apresentar uma palestra que abordava o combate à violência contra crianças e adolescentes, dentro das ações da Operação Hagnos, realizada em todo o estado pelas forças e segurança. Convite divulgado para evento em colégio militar de Paranã Divulgação LEIA TAMBÉM: Estudantes de colégio militar cantam palavras de ódio durante marcha guiada por PM: 'Se eu não te matar, vou te prender' Vídeo que mostra PM guiando estudantes a cantarem palavras de ódio foi gravado durante ação de combate à violência, diz servidora Diretor de colégio militar e PMs são afastados após marcha com estudantes cantando palavras de ódio 'Corridão' com alunos Antes da palestra, os militares fizeram o chamado 'corridão' com os estudantes. Uma servidora da escola relatou que as crianças foram chamadas de sala em sala para participarem da atividade extracurricular. Fardados, com o uniforme da escola, os estudantes foram enfileirados do lado de fora do colégio, sendo que pelo menos três policiais os acompanhavam. Eles andavam em marcha e enquanto um dos militares cantava, os alunos repetiam a letra da música polêmica. Música com palavras de ódio Veja os versos cantados pelos militares e repetidos pelos alunos: "Tu vai lembrar de mim Sou taticano maldito E vou pegar você E se eu não te matar Eu vou te prender Vou invadir sua mente Não vou deixar tu dormir E nas infiltrações você vai lembrar de mim" Crianças cantaram palavras de ódio guiadas por PM em escola do Tocantins Reclamações de servidores e pais Uma servidora do colégio, que não quis se identificar, comentou que a ação foi divulgada em um grupo de WhatsApp interno da escola. "A Polícia Tática chegou [...] e começou a fazer exercício físico com os meninos na porta da escola e depois começaram a falar essas frases de ordem, porque isso não é uma música, não é uma canção, são frases de ordem e são frases violentas, que falam em matar", destacou a servidora. A mãe de um dos alunos também questionou a atividade: "No mundo que nós estamos vivendo hoje, já oferece coisas de violência. De maldade. Então, quando a gente leva os filhos da gente para a escola acredita que vai ter coisas boas, educação boa, disciplina boa. Eu não concordei com o ato da música, a letra da música", comentou a mãe, que também não quis se identificar. Estudantes em praça na frente de escola que promoveu marcha com palavras de ódio Reprodução/Redes Sociais 'Crianças não são soldados e escola não é um quartel' O professor doutor em educação José Lauro Martins comentou que durante a atividade foram usadas palavras que não são apropriadas para a idade dos alunos e para o ambiente. "Elas estão sendo submetidas a um processo de adestramento, propriamente dito, e não de educação. Além de tudo, essas crianças estão repetindo um palavreado que não é apropriado para a escola, muito menos para a idade deles", afirmou. Também pontuou que a escola não deve ser encarada como um quartel. "Essas crianças, elas estão sendo, de alguma forma, vitimadas por algumas pessoas despreparadas para o processo educativo, e elas estão repetindo ali palavras que conduzam ao sentimento de ódio, de apologia, violência e assim por diante. Essas crianças não são soldados, a escola não é um quartel, está tudo fora de lugar nesta imagem ou nesse recorte dessa escola", completou o professor José Lauro. Escola e PM prometem investigar No dia da atividade com os alunos de Paranã, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou em nota que repudia a conduta inadequada ocorrida no colégio em que "estudantes foram incentivados a proferir frases incompatíveis com o ambiente escolar". A Seduc disse que irá notificar a Polícia Militar para tomar as medidas cabíveis. Já a PM informou está apurando a conduta dos policiais militares envolvidos e esclareceu que a atividade em questão se tratou de uma ação pontual, que não faz parte da rotina diária da unidade escolar (veja notas da Seduc e PM na íntegra abaixo). Diretor e PMs envolvidos foram afastados Na sexta-feira, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) determinou o afastamento do diretor do Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais e dos militares envolvidos no 'corridão' com os alunos. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado. Em nota enviada pelo Governo do Estado, o governador também cobrou que o caso seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, conforme os trâmites legais e disciplinares da instituição. Íntegra das notas da Seduc, PM e o Governo do Tocantins Governo do Estado O Governo do Tocantins repudia com veemência o ocorrido nesta quinta-feira, 21, no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, no município de Paranã, que está em total desacordo com os valores de respeito e cidadania que devem ser cultivados no ambiente escolar. Tão logo soube do caso, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, determinou à Polícia Militar (PM/TO) o imediato afastamento do diretor da instituição escolar e demais militares envolvidos das atividades escolares, além de cobrar que o caso seja apurado e que todas as medidas cabíveis sejam tomadas, conforme os trâmites legais e disciplinares da instituição. Em relação à Secretaria de Estado da Educação (Seduc), foi determinado a instauração de uma comissão de apuração, para investigar a situação e garantir que tal ocorrência não se repita. É importante ressaltar que este episódio é um caso isolado e não reflete a realidade das Escolas Cívico-Militares, que desempenham papel fundamental na formação educacional no Estado do Tocantins. Essas instituições são comprometidas com a educação de qualidade, baseada no respeito, na ética e no desenvolvimento integral dos estudantes. O Governo do Tocantins reafirma seu compromisso com a promoção de um ambiente educacional saudável e seguro, onde prevaleçam os princípios de disciplina, cidadania e respeito mútuo. Polícia Militar A Polícia Militar do Estado do Tocantins informa que, nesta quinta-feira, 21, tomou conhecimento, por meio de vídeos divulgados nas redes sociais, de uma atividade extracurricular realizada no Colégio Militar do Estado do Tocantins – Escola Estadual Euclides Bezerra Gerais, no município de Paranã-TO. A Instituição esclarece que a atividade em questão se tratou de uma ação pontual, que não faz parte da rotina diária da unidade escolar. A Polícia Militar já está apurando os fatos com rigor, avaliando a conduta dos policiais militares envolvidos, e informa que serão adotadas as medidas cabíveis, em conformidade com os procedimentos legais e disciplinares previstos no âmbito institucional. Um procedimento investigativo preliminar está em curso para garantir a análise criteriosa da situação. Após determinação do Governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, a Polícia Militar afastou o Diretor da instituição escolar e demais militares envolvidos na atividade extracurricular. A Polícia Militar do Estado do Tocantins reafirma seu compromisso em promover a segurança, a cidadania e a formação de valores éticos e morais. Por meio de programas como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e projetos sociais com participação de jovens, a Instituição atua continuamente na conscientização de crianças e adolescentes sobre a importância do respeito, da disciplina e da responsabilidade cidadã. Seduc A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) repudia a conduta inadequada ocorrida no Colégio Militar Euclides Bezerra Gerais, em Paranã, em que estudantes foram incentivados a proferir frases incompatíveis com o ambiente escolar. A gestão do Colégio, sob a coordenação da Polícia Militar, será notificada e as medidas cabíveis já estão sendo tomadas para que situações dessa natureza não se repitam. A Secretaria reforça seu compromisso com a manutenção de um ambiente escolar saudável, pautado nos princípios do respeito, da ética e da cidadania, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

FONTE: https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2024/11/24/cantos-de-odio-e-video-viralizado-o-que-se-sabe-sobre-marcha-com-estudantes-em-colegio-militar.ghtml


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